Mesmo plagiando uma frase famosa pela amplitude das manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo no ano de 2014, gostaria de escrever aqui um pouco sobre a corrupção nossa de cada dia.
Nesse blog sempre falei dos meus sentimentos, de como eu agia com o mundo e daquilo que eu sentia no mais profundo. Hoje não será diferente, hoje falarei um pouco da minha experiência de tentar viver nesse mundo maluco e cheio de armadilhas.
Muito tem sido falado sobre corrupção, desvio de dinheiro, sonegação. Nas redes sociais são incontáveis postagens culpando partido X, acusando partido Y. Acontece que pude experimentar nessas férias de final de ano o pior do ser humano: a corrupção diária, vivida nos cantos mais absurdos e tida como algo normal.
São pequeninas ações que, segundo algumas pessoas, "não fazem mal a ninguém". Foram experiências que eu não costumo perceber sempre no dia a dia, pois a correria não nos faz ir atrás ou pensamos: não é nada, deixa pra lá.
Comecei minhas férias em minha cidade natal com a pior das experiências: regras de trânsito - ninguém as respeita. Não é possível atravessar uma rua na faixa de pedestres sem correr o risco de ser atropelado e/ou xingado por usá-la. Tentei não me revoltar com isso, mas a vivência nessa "pacata" cidade mostrou-me o que eu sempre fingi não ver: aqui as regras são vistas como exceções.
No dia 21 de dezembro minha mãe chutou minha mala de viagem e machucou o dedo. Como a dor não passava, resolveu ir ao hospital no dia 22 e, tendo constatado que o dedo estava quebrado, o técnico em radiologia nos encaminhou a um médico. Por problemas no plano de saúde, tivemos que pagar a consulta e, em um convênio entre alguns médicos e o Prever, tivemos um desconto de 50% na consulta, passando a pagar R$150,00 pelos "preciosos" 15 minutos do DOUTOR.
Até aí tudo normal, sabemos o absurdo que um médico cobra por sua consulta (ah, não venham me dizer que ele gastou anos se formando, pois gastei também muitos anos em minha formação e nem por isso posso cobrar esse valor por 15 minutos de aula), ainda mais quando o médico passa o tempo falando com um tom soberbo e relatando casos de outros pacientes ao invés de verificar o caso que estava diante dele. Contudo, ele conseguiu nos surpreender ao NEGAR-SE a fazer uma nota comprovando o pagamento, pois já havia dado o desconto e não nos forneceria nota alguma.
Até aí posso ficar chocada e pensar que existem bons e maus profissionais e que ele se enquadrava no segundo grupo, ok? Posso concluir que ele age sempre de má fé (tendo em vista que a lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, em seu artigo 1º determina ser crime contra a ordem tributária negar ou deixar de fornecer nota fiscal), todavia percebi que essa prática é comum entre os médicos e que, quando eles "cedem um desconto" ao paciente por "pura bondade no coração", negam-se a fazer a nota fiscal.
Revoltei-me, procurei meus direitos e descobri que poderia denunciá-lo à Receita Federal por sonegação. Escrevi no meu face sobre o tema e, surpreendam-se (ou não), ouvi/li de algumas pessoas que, se eu fizesse algo contra o DOUTOR, ele poderia parar de fazer essa "bondade" de dar descontos e isso "prejudicaria" o mais pobres que não podem pagar por uma consulta.
Façamos aqui a pausa derradeira para explicar a todos uma coisa: quando sonegamos impostos, a arrecadação diminui. Há uma porcentagem da arrecadação que é destinada à saúde, à educação e a outros serviços públicos gratuitos. Tendo em vista que a secretária me informou que essa prática é comum e outras pessoas confirmaram que a grande maioria dos médicos costuma fazer isso, fica fácil entender que atrás dessa "bondade toda" existe um prejuízo muito maior à população?
Óbvio que não são apenas os médicos que fazem isso: supermercados, lojas e tantos outros lugares que te oferecem algum serviço.
O que a maioria das pessoas não consegue entender é que "não é apenas pelos 150 reais" que estou revoltada, é por cada centavo que é sonegado quando esse médico e tantas outras pessoas não emitem notas comprovando a venda de produtos e serviços.
O problema de alguns médicos é que são "endeusados", pois TODOS só fazem "bondades" ao "salvar" a vida de seus pacientes. Parafraseando a ideia de um amigo e remodelando-a, trocamos o politeísmo pelas especialidades médicas... mudamos de deuses e muitos deles acreditam que realmente são divintades na terra (gostaria aqui de fazer uma pausa para dizer que conheci em toda a minha vida médicos MARAVILHOSOS, que realmente exercem sua profissão com dedicação, amor e justiça, não cobrando absurdos por consultas e, quando cobram o "preço do mercado", fazem por merecer o valor recebido ao examinar os pacientes com afinco e explicando detalhes da doença/fratura/problema a ele).
Quando alguém age sonegando imposto, não é uma NOTA FISCAL DE 150 REAIS QUE ESTÁ ME NEGANDO, é o direito à saúde, à educação àqueles que necessitam do serviço público. Quando um médico se recusa a dar notas quando ofereceu um desconto, é o seu filho que estuda em escola pública que está sendo prejudicado, é a sua vacina que não chega gratuitamente ao posto de saúde.
Uma grande amiga me fez pensar sobre meus alunos e seus problemas diários com a falta de médicos no posto do bairro.
Quando o médico me negou essa nota fiscal, ele negou atendimento a um aluno que precisa muito de acompanhamento médico, sabe aquele aluno que eu insisto muito para que os pais procurem por um médico?? Sim, ele mesmo, aquele que precisa muito de um cuidado especial.
Quando o médico negou a nota fiscal naquele dia, ele também impediu que um material novo fosse enviado à escola em que trabalho, podendo melhorar as condições de estudo de muitas crianças por aí.
Quando o médico negou a nota fiscal, também impediu melhorias na própria universidade que o formou (a grande maioria dos médicos é oriunda de Universidades públicas) e "fechou uma vaga" para alguém que tanto lutou para conquistar seu sonho.
Não o sei o quanto vocês que estão lendo esse texto precisam dos serviços públicos gratuitos, mas eu sempre precisei e até hoje faço uso de cada um deles. Ao reivindicar minha nota, solicito também que esse médico e todos os lugares que sonegam impostos passem a ter um olhar diferenciado para o serviço público e pensem que corrupção não é somente aquilo que passa na TV e sai nos jornais e os políticos fazem. Corrupção é formada por todas as notas fiscais não emitidas por vocês, por todos os 150 reais diários que vocês recebem em consultas e não declaram no imposto de renda, pois não querem pagar por isso. De nada adianta "ser bonzinho" e cobrar mais barato de uma consulta, se você PREJUDICA a vida de quem mais precisa, negando-lhe o acesso ao que lhe é de direito.
E, pra encerrar o desabafo, não estou defendendo nenhum político, só estou dizendo que vocês estão no mesmo barco daqueles que roubam as verbas públicas... vocês também contribuem para o sucateamento dos serviços públicos gratuitos. Afinal, "há 30 anos essa clínica existe e sempre agiu assim e NINGUÉM nunca reclamou" - afirmou a funcionária sem perceber que seu patrão lhe dá com uma mão e tira com a outra.
Ninguém tinha reclamado... até o momento... agora as coisas mudaram, doutor(es)!
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
E quando você não vier mais?
Hoje é Natal e o dia foi encantador. Pude brincar como criança, divertir-me mais do que nunca, ganhar presentes, reviver momentos da infância e sorrir despreocupada.
Em nenhum momento fiquei ansiosa, tensa, pois sabia que você "viria" depois do meio dia, como de costume, afinal são anos que você chega sempre nesse horário. Deixei o celular de lado, aproveitei cada instante ao lado da família e dos amigos. Após o almoço e as conversas de sempre, apenas certifiquei-me de que você estava lá. Igual a todos os anos, com as mesmas frases de outrora e os desejos repetidos.
Sorri, você permanecia. E a sua permanência me encanta, me estabiliza (ou desestabiliza, ainda não sei). Fiz-me presente também, tendo em vista minha necessidade de ir a seu encontro.
A tarde passou e, com o chegar da noite, surgiram alguns pensamentos estranhos: E se você não viesse? Será que um dia você deixará de vir?
Esses e tantos outros questionamentos deixaram-me preocupada: Por que me preocupara tanto ainda com a sua presença? Por que, apesar de não mais ficar ansiosa te aguardando, fiquei temerosa de que no próximo ano você não mais aparecesse? O que eu ainda sinto e espero de você? E QUANDO VOCÊ NÃO VIER MAIS?
Nâo sei... não imagino o que vou sentir (ou deixar de sentir), não consigo projetar um futuro sem as suas vindas, elas simplesmente passaram a fazer parte de mim. É como um feriado fixo no calendário, como um aniversário que se repete todo ano. Você tornou-se parte de minha vida e, mesmo tendo se transformado no decorrer desse tempo, entrelaçou-se em minhas "datas importantes".
Se você não vier, eu irei em sua busca? Ou um dia te transformarei em "ponto facultativo"?
Se você não vier, eu me lembrarei de te buscar? Ou decretarei o fim desse "feriado"?
Talvez você venha e eu não esteja mais disposta a ir... talvez você venha e eu só pense em fugir...
Daqui 7 dias te espero, com a mesma despreocupação, pois sei que você ainda existe aqui e eu existo em você. Contudo, um dia tudo isso pode acabar e eu me pergunto: O que farei de mim a não ser te esperar?
Em nenhum momento fiquei ansiosa, tensa, pois sabia que você "viria" depois do meio dia, como de costume, afinal são anos que você chega sempre nesse horário. Deixei o celular de lado, aproveitei cada instante ao lado da família e dos amigos. Após o almoço e as conversas de sempre, apenas certifiquei-me de que você estava lá. Igual a todos os anos, com as mesmas frases de outrora e os desejos repetidos.
Sorri, você permanecia. E a sua permanência me encanta, me estabiliza (ou desestabiliza, ainda não sei). Fiz-me presente também, tendo em vista minha necessidade de ir a seu encontro.
A tarde passou e, com o chegar da noite, surgiram alguns pensamentos estranhos: E se você não viesse? Será que um dia você deixará de vir?
Esses e tantos outros questionamentos deixaram-me preocupada: Por que me preocupara tanto ainda com a sua presença? Por que, apesar de não mais ficar ansiosa te aguardando, fiquei temerosa de que no próximo ano você não mais aparecesse? O que eu ainda sinto e espero de você? E QUANDO VOCÊ NÃO VIER MAIS?
Nâo sei... não imagino o que vou sentir (ou deixar de sentir), não consigo projetar um futuro sem as suas vindas, elas simplesmente passaram a fazer parte de mim. É como um feriado fixo no calendário, como um aniversário que se repete todo ano. Você tornou-se parte de minha vida e, mesmo tendo se transformado no decorrer desse tempo, entrelaçou-se em minhas "datas importantes".
Se você não vier, eu irei em sua busca? Ou um dia te transformarei em "ponto facultativo"?
Se você não vier, eu me lembrarei de te buscar? Ou decretarei o fim desse "feriado"?
Talvez você venha e eu não esteja mais disposta a ir... talvez você venha e eu só pense em fugir...
Daqui 7 dias te espero, com a mesma despreocupação, pois sei que você ainda existe aqui e eu existo em você. Contudo, um dia tudo isso pode acabar e eu me pergunto: O que farei de mim a não ser te esperar?
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