sábado, 3 de janeiro de 2015

O que trago ainda em mim?


O quanto de você ainda trago em mim? Você tão aí, há 23 ou 24 anos de mim... O que ainda me deixou de legado e de lembrança?
Vejo o sorriso tímido diante de um flash; os olhos de jabuticaba que se fecham ao sorrir e irradiam a esperança e os sonhos de princesa de uma criança; a covinha tímida na bochecha esquerda, que não se forma na direita e no semblante calmo as expectativas de um futuro diferenciado...
Mas, além disso, o que de você ainda existe em mim? Será que lá no meu inconsciente ainda trago sonhos que não se concretizaram? Será que dentro de você ficou guardado e esquecido algo importante que pode, de alguma forma, transformar o meu futuro?
Das frustrações eu sei: há mil fantasmas que nos rondam desde pequena e esses eu os trago vivos em mim. Luto com eles diariamente e esforço-me para vencê-los e não deixá-los voltar (alguns insistem que aqui devem ficar e tendem a nos desgastar um pouco, mas você, ao sentir sono, dorme; já eu permaneço atenta e acordada, buscando soluções para nossos problemas).
Mas e dos sonhos? O que você me doou? Qual legado deixou a mim na esperança de proporcionar a você uma vida feliz no futuro? Sei que é exigir muito de uma criança de sua idade, mas sei que mesmo nessa idade você já fazia planos para o meu hoje.
03 de janeiro de 2015, madrugada e você se imaginava assim? Sozinha e confusa em meio a seus pensamentos, fugindo dos seus sentimentos, mas buscando solução para o  mundo a seu redor?
Creio que não, Janinha, você era só sonhos e via uma vida de felicidade e conquistas. Esperava estar casada, cuidando dos filhos? Ou acreditava que seria professora e se focaria nisso? A primeira opção é a mais óbvia pra esse seu sorriso de princesa encantada.
Contudo, acredito que dentro de você já existia alguém que lutava pela opressão, alguém que não aceitava o mundo injusto de ser excluída e deixada de lado muitas vezes e, para superar as injustiças, criava seu próprio mundo - fantástico e envolvente -, onde transformava qualquer problema em desafio a ser superado.
Sei que isso existe em mim e lembro-me, vagamente, de você se enfiando no meio das árvores da escola e brincando apenas consigo mesma... Era sua melhor companhia.
Se hoje olho pra você na parede, olhando tão fixamente em mim, e reflito sobre tudo isso é porque seus olhos me demonstram que devo procurar, no meu íntimo, quais sonhos seus deixei pra trás e tentar, de alguma forma, reavaliá-los e descobrir se são ou não possíveis ainda.
Muitos talvez já se perderam, outros com certeza já são reais. Mas, no seu singelo sorriso perco-me e desato-me a chorar. Você, tão rosa mais bela entre as outras; tão completa de carinho, mas repleta de reflexões.
Encerro aqui o início de uma reflexão profunda sobre você e sobre mim e prometo resgatar seus sonhos perdidos em meio às minhas maluquices e, quando possível, torná-los realidade, para que, daqui alguns anos, eu possa olhar uma foto minha com 28 anos e saber exatamente o que é que queria e o que eu alcancei.
Boa noite, dormirei sob o seu olhar...

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