"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado"
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado"
William Shakespeare, Sonhos de uma noite de Verão.
No post anterior eu estava em busca da "minha inspiração perdida". Eu poderia dizer aqui que a encontrei, mas na verdade ela não se perdeu, eu que tentei buscá-la no local errado.
E com essa descoberta, vieram tantas outras, tantas reflexões que me tiraram o sono e impediram que meu título fizesse total alusão a William Shakespeare (ou quem sabe até ao Skank: http://letras.terra.com.br/skank/1330911/).
Outro dia, olhando para o céu todo estrelado, lembrei-me da divisão de estrelas que certa vez fizera com alguém, eu sempre escolhia as que brilhavam mais, por isso acabei ficando com as estrelas presentes no olhar do outro, que eram repletas de sentimentos e tinham um brilho indescristível. Já que as minhas estrelas são as que vejo refletir nos olhares perdidos, tenho pra mim muito mais estrelas do que existem no céu.
Dividi com esse alguém estrelas, pensamentos, sentimentos, sonhos e delírios - é sempre bom ter alguém com quem dividir loucuras e sensatez. Agora, porém, o contato e a relação sofreram modificações, fazendo com que eu pensasse que havia perdido minha inspiração.
Contudo, o afastamento, a distância emocional não impedem a inspiração de existir. Alguns diriam que a ausência de contato faria com que minhas reflexões fossem sempre voltadas ao passado. Eu digo, entretanto, que quando o envolvimento é intenso, criam-se marcas nas pessoas. Marcas estas que me fazem saber muito a respeito dos pensamentos que se passam por mentes outrora próximas. Sendo assim, minhas reflexões têm um pouco de todos que um dia se aproximaram intensamente de mim.
Minha maior descoberta, porém, foi a de que SE EU VIVO, NÃO ESCREVO. E, SE AGORA ESCREVO, É PORQUE NÃO TENHO VIVIDO. Em meus momentos de reflexão no twitter (@janainatunussi), disse que "Minha escrita são meus desejos, meus sonhos materializados em palavras... Minhas palavras agora são todas você" e isso explica muito a minha ideia de "ausência de inspiração": não tenho escrito, não tenho falado de sentimentos, porque eu tenho vivido tudo isso e viVENDO tudo isso, sinto-me de mãos atadas para a escrita, pois de dentro de um turbilhão dificilmente se consegue refletir sobre o mundo que nos espera do lado de fora.
(mas se nesse momento escrevo, é porque consegui fazer uma pausa em toda essa "vivência").
Minha inspiração foi recuperada da seguinte forma: percebi que o aquilo que me inspirava ainda vive em mim, ainda se faz presente na minha vida, e que o simples fato de saber que o pilar em que apoiei minhas reflexões ainda existe, mesmo que distante, faz com que eu me sinta viva. E mais uma vez Shakespeare ilustrou bem isso:
~ Soneto 17 ~
Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
A reflexão máxima que tiro disso tudo? Nem sempre a pessoa com a qual dividimos todos os nossos pensamentos é a pessoa com a qual devemos dividir as nossas vidas.
P.S.: Temos nossas culpas, nossos medos, nossos segredos... e o que eu escondo de mim e dos outros é você.
Me senti um pouco participante na sua frase "Sendo assim, minhas reflexões têm um pouco de todos que um dia se aproximaram intensamente de mim."
ResponderExcluirQue bom que se sentiu assim, significa que participou de verdade como amigo da minha vida... :D
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